quarta-feira, 9 de novembro de 2011

EM BUSCA DE NEVE EM SANTA CATARINA


   Junho de 2009. Era inverno, estava muito frio e já havia nevado nos pontos mais altos da região sul. Na ânsia de ver neve, num feriadão de Corpus Christi, minha família e eu pegamos a estrada rumo à serra de Santa Catarina. O roteiro incluía duas noites em São Joaquim, com um pulo em Urubici, uma noite em Lages e muita natureza.  A viagem era longa, mas prometia. Afinal, havia nevado alguns dias antes de partirmos e a previsão era de muito frio e grande possibilidade de neve enquanto lá estivéssemos.
   Chegamos a São Joaquim no final da tarde de uma quinta-feira. O vento era infernal, mas o dia estava irritantemente lindo, sem uma nuvem no céu. Conformados com o fato de que não haveria neve naquele dia e com o anoitecer se aproximando, resolvemos perguntar na recepção do hotel o que havia pra se ver dentro de São Joaquim. A resposta não poderia ser mais decepcionante: “Olha, tem a praça, a igreja e uma feirinha de artesanato. Mas não sei se a feira funciona hoje... Não. As lojas também estão fechadas. Restaurantes? Só nos hotéis. Na cidade, só botecos.”
   Atravessamos a rua e a praça e a igreja (foto acima) já estávamos esperavam, juntamente com vários outros turistas entediados. Cinco minutos depois saímos em busca do tal Parque de Exposições, que abrigava a feira de artesanato, na esperança que pudéssemos fazer o tempo passar mais rápido. Não deu. A feirinha estava funcionando, mas era lamentável. Havia umas cinco barraquinhas apenas. Vendiam mel, sabonetes de maçã, doces e cuias de chimarrão. Os outros “salões” do Parque estavam abandonados. Quinze minutos depois, a sensação de tédio já estava à toda novamente. 
   Dadas as circunstâncias, a janta daquele dia até que foi divertida.
                      

Pense no tédio do meu irmão

  
NEVE SÓ O PAPEL HIGIÊNICO
   Mais uma vez, o amanhecer foi gelado e maravilhoso. Porém, desta vez, tínhamos o que fazer: sair de São Joaquim e buscar as belezas naturais da região. Começamos pela Cachoeira do Avencal – que fica numa propriedade particular, meio escondida na beira da estrada. Na época, custava uns cinco reais por pessoa. E vale a pena! A vista da cachoeira e também da serra de uma forma geral é fantástica.


Cachoeira do Avencal
  

   Já em Urubici, almoçamos num restaurante (lá tem, ao menos), batemos foto da igreja, andamos pela praça e nos despedimos do pequeno município, seguindo para o Morro da Igreja. É uma longa jornada até atingir-se o topo do morro, de 1828 metros. Por outro lado, a natureza que cerca o local é muito bonita e a estrada é boa.
   Lá em cima, fica uma base da Força Aérea Brasileira e nada mais. O vento é, segundo os meus cálculos, 83 vezes pior que o de São Joaquim, a sensação térmica é polar e o tempo vira num piscar de olhos. A concentração de turistas é imensa, por outro lado. Todos em busca de neve, prazer em sentir frio e boas fotos da Pedra Furada.
  
 Pedra Furada

E o tempo virou na hora da minha foto com a pedra

   O último destino daquele dia era a Serra do Corvo Branco. O que chama a atenção de todos que vão pra lá não é apenas a exuberância da natureza, mas também o quão sinuosa e íngreme é a estrada que corta aquela cadeia de montanhas. Tão inclinada, aliás, que o nosso carro ameaçou ter um peripaque – fato que possibilitou uma bela caminhada por aquelas bandas. Em todo caso, conseguimos aproveitar o passeio.
  
  

Nosso carro retoma o fôlego num canto da Serra do Corvo Branco

  
ENFIM, EMOÇÃO
   O dia raiou maravilhoso novamente. A manhã nem era tão fria e eu estava feliz em ir pra Lages. Entretanto, a caminho da cidade, passamos pelo Adventure Park e decidimos dar uma olhada. Esta espiada virou um programa de quatro, cinco horas e serviu pra eu fazer alguns dos esportes radicais que sempre sonhei.
   Com preços razoáveis, fiz escalada, rapel, tirolesa (gigantesca, diga-se de passagem) e via ferrata. Tudo em meio à natureza, num lugar lindo, organizado e imenso, com material de primeira e os donos do empreendimento fazendo as vezes de guias durante todo o percurso. O lugar é administrado por um grupo de amigos apaixonados por esportes de aventura e extremamente preocupados em fazer de cada momento uma experiência inesquecível. Conseguiram. 

 Colocar um capacete não é tão simples quanto parece


 Orgulhoso

 Força, Tevo!

   Chegamos à Lages mortos de fome, lá pelo meio da tarde. Acabamos por almoçar numa padaria, demos uma breve passada pela Festa do Pinhão e jantamos numa pizzaria, já pensando em nossas camas. Estávamos exaustos depois daquele que foi o melhor momento da viagem: quando suamos horrores num lugar que tínhamos ido para sentir frio.

   Esta foi a breve cruzada em busca de neve pela serra de catarinense. Sinceramente, não recomendaria mais que dois dias por lá. Digo, torço que de 2009 pra cá, muita coisa tenha mudado. Sei que agora, pelo menos, há neve quando os turistas quiserem em São Joaquim. Contudo, ainda assim, me pareceu muito pouco perto das expectativas que eu tinha sobre a cidade. A natureza é, de fato, magnífica, mas poderia haver, de uma forma geral, uma melhor sinalização nas estradas que dão acesso às atrações, mapas, centro de atendimento ao turista (o de São Joaquim estava fechado quando fomos lá) e a feira de artesanato poderia ser revista. Quanto à Lages, não posso dar minha opinião, pois mal pude aproveitar a cidade. Por outro lado, recomendo altamente o Adventure Park.
   E, ainda falando sobre arte, tudo o que não vi na feira de artesanato de São Joaquim, pude degustar num posto de combustíveis qualquer nas cercanias de Vacaria, já voltando pra casa. Desde esculturas contemporâneas até poesias. Seguem as melhores abaixo.