sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

SHOWS EM 140 CARACTERES

   Em tempos de Twitter, resolvi listar e resumir a minha impressão dos principais shows que estive (e que ainda lembro) desde a última vez que me dei ao trabalho de fazer isso. A regra é simples: não mais que 140 caracteres por show.

CARTOLAS, Anfiteatro Pôr-do-Sol (2008)
Já eram bons naquelas alturas. Hoje eles abrem shows pra Eric Clapton e afins. Curti bastante.

JULIO RENYAnfiteatro Pôr-do-Sol (2008)
Mestre!! Tocou todas os hits dele num show bem country rock, do jeito que eu esperava.

CLUBE DO BALANÇOAnfiteatro Pôr-do-Sol (2008)
Anfiteatro Pôr do Sol.
Fonte: opiniao.com.br
Samba rock de primeira. Discípulos de Jorge Ben, fizeram com que eu aproveitasse o show mesmo sem conhecer nada do som deles.

JÚPITER MAÇÃAnfiteatro Pôr-do-Sol (2008)
Já chegou chapadão no palco. Não entendi nada. Mas tudo bem, era o Júpiter!!

CHARLES MASTER, Anfiteatro Pôr-do-Sol (2008)
Mais ou menos. Preferia quando ele era do TNT e fazia rock n´roll. Agora o som dele é meio comum demais.

TONHO CROCCO, Anfiteatro Pôr-do-Sol (2008)
Bem bom o show, até porque ele é muito talentoso e preza por uma música bem-tocada. Porém prefiro ele no Ultramen.

BIDÊ OU BALDEAnfiteatro Pôr-do-Sol (2008)
Foda, como sempre. Eles não têm frescura e fazem aquele feijão-com-arroz que eu gosto. Ainda bem.

IZMÁLIAAnfiteatro Pôr-do-Sol (2008)
Não me conformo com o fato de ela não ser mega famosa Brasil afora. Ela canta muito e fechou o show com Rock n´Roll, do Led.

SKANK + CACHORRO GRANDE, Teatro do Bourbon Country (2008)
Esperava mais. Talvez pelo público teenager que lá estava, o show foi muito mais pop que qualquer outra coisa. Até Helter Skelter foi fraca.


NASI, Opinião (2009)

Show de puro blues no meu aniversário, tanto na sonoridade quanto nele chorando as mágoas do Ira! Canta muito!


LULU SANTOS, Teatro do Bourbon Country (2009)
Baita decepção. Metade do show foi tocando Funk Carioca e rebolando. Desde então, prefiro apenas escutar aos CDs dele.
Caetano e a asa-delta.
Fonte: gemagema.tv

CAETANO VELOSO, Teatro do SESI (2009)
Custou bem caro e foi meia-boca. Ele tava bem deprê naquele dia porque o Michael Jackson tinha morrido. Gostei da asa-delta no palco.

HIBRIA, Parque Condor (2010)
Não conhecia, mas foi uma grata surpresa. Tocam muito bem, mas eu tava no show deles mesmo era pra ver o Metallica.

Híbria aquecendo a galera pro Metallica.
Fonte: roadtometal.blogspot.com

METALLICA, Parque Condor (2010)
Mataram a pau! Valeu a pena pagar mais e ficar pertinho do palco. Eles exisem, tocam muito e nem o lodo daquele lugar atrapalhou.

SANTOGRAAU, Estacionamento da FIERGS (2010)
Quem? Eu tava lá pra ver o Aerosmith. Nem o Alemão Ronaldo tentando dar uma mão pra eles conseguiu evitar as vaias.

AEROSMITH, Estacionamento da FIERGS (2010)
Eles são uns dos melhores. O Steven Tyler canta muito e o Joe Perry é aquele estereótipo de guitarrista roqueiro foda. O lugar era bem ruim.

JÚPITER MAÇÃ, em algum pub extinto de Carazinho (2010)
Desta vez ele não tava loucão e tocou TNT e Cascavelletes. Pra completar, eu tava na presença de meus amigos de infância e à 50cm do cantor.

Júpiter Apple. A lenda diante de mim.

CREEDENCE CLEARWATER REVISITED, Teatro do Bourbon Country (2010)
Com o batera e o baixista originais do CCRevival e um vocalista que faz qualquer fã esquecer John Fogerty. Um sonho realizado!

RUI BIRIVA, Fnac de Porto Alegre (2010)
Foi sem querer. Eu tava lá e vi ele tocando. Tava divertido e eu, sei lá como, sabia umas músicas. Ele era tri carismático. Pena que se foi.

BEBETO ALVES, Parque da Redenção (2011)
Bebeto e Vitor.
Fonte: noize.virgula.uol.com.br
Demais! Música bem tocada e com letras legais. Curto muito a mistura de rock com a música gaudéria que ele faz.

VITOR RAMIL, Parque da Redenção (2011)
Ele é genial. Só precisou de um violão pra fazer o tempo voar e eu nem perceber. Ouvi-lo ao vivo faz suas músicas terem outra dimensão.

SÓ CREEDENCE, Parque da Redenção (2011)
Cover bem bom e com legião de fãs próprios. Não decepcionam no inglês e fazem um som fiel aos originais. Curti!

NEI LISBOA, Teatro Renascença (2011)
Fez todo o show dele num misto de jazz e blues. Muito, mas muito, bom, por sinal. Mal posso esperar pela outra temporada dele no Teatro.

Até encontrei o Arthur de Faria lá no Nei.

RENATO BORGHETTI, Concha Acústica (2011)
Fui de curioso e saí fã dele e da banda. O cara é realmente um músico genial e pra lá de carismático.

SOCIEDADE BICO DE LUZ, Opinião (2011)
Los Mentas.
Fonte: last.fm
Tocam bem e são divertidos. Tinham que ter mais espaço.

CONTRA LAS CUERDAS, Opinião (2011)
Muito barulho e pouca música. Não gostei.

LOS MENTAS, Opinião (2011)
Parecem um Kings of Leon versão venezuelana. Quebraram tudo! Baita surpresa.

DO AMOR, Opinião (2011)
Mais ou menos. Menos que mais também.
Mestre Wander.
Fonte: osarmenios.com.br

WANDER WILDNER, Opinião (2011)
Meu ídolo mor nos últimos anos. Showzaço de punk-rock-brega! Tocou quase duas horas e ainda me saudou durante Mares de Cerveja. Memorável.

JORGE BEN JOR, Teatro do Bourbon Country (2011)
Muito além do que eu poderia esperar: 3 horas de som, inúmeros bis, todas as música possíveis e um lugar de destaque no meu top 10 de shows.

GLÓRIA, Rock in Rio (2011)
Se tirassem aquele cara que grita, melhoraria 30% - mas ainda assim não seriam dignos de ter tocado no palco principal do RIR.

COHEED AND CAMBRIA, Rock in Rio (2011)
Tolerável, porém existem bandas parecidas e melhores. Só vi o vocalista tinha um rosto na última música.

MOTÖRHEAD, Rock in Rio (2011)
Lemmy é rei! Poderia ter tocado mais sete horas. Oito talvez.

We are Motörhead and we play rock n´roll

SLIPKNOT, Rock in Rio (2011)
Não escutaria o som deles no meu mp3, mas recomendo altamente um show dos caras. É algo que tem teatro, coreografia, até música – e dá medo.

METALLICA, Rock in Rio (2011)
Mataram a pau (de novo)! Vi de longe desta vez, mas curti na mesma intensidade.

TIÊ + JORGE DREXLER, Rock in Rio (2011)
Ela eu não conhecia. Ele eu só tinha ouvido falar. O fato é que a sonoridade dos dois, individualmente e juntos, é boa demais! Valeu o show.

ERASMO CARLOS + ARNALDO ANTUNES, Rock in Rio (2011)
O Tremendão ainda destrói! Um dia vou poder contar pros meus filhos que eu vi ele. O Arnaldo também foi legal.

FREJAT, Rock in Rio (2011)
Havia 50% do Barão Vermelho no palco e isso foi legal. Ele ter cantado poucas músicas da carreira solo dele também. Gostei dos covers.

SKANK, Rock in Rio (2011)
Bom. Só não me conformo que músicos e letristas tão bons e com alma roqueira insistam tanto em fazer músicas “tira o pé do chão”.

MANÁ, Rock in Rio (2011)
Gostei de ver que eles vão além das músicas de novela – mas sofrem de problema similar ao do Skank, só que com músicas pra gente mal-amada.

MAROON 5, Rock in Rio (2011)
São bons naquilo que fazem, mas eu não sou mais público pra eles. O show deles foi bom pra descansar, ir ao banheiro e jantar.

COLDPLAY, Rock in Rio (2011)
Tocaram as músicas velhinhas que eu gosto e as novas, de pseudo-U2. Chegará o dia que verei o show deles num teatro. Vai ser bem melhor.

WANNABE JALVA, Zequinha Stadium (2011)
Bem melhor que eu imaginava. Pena que pouca gente viu e que 90% do som estava desligado.

X, Zequinha Stadium (2011)
Muito tri!! Os tiozinhos tocam tri muito e fazem um som sem frescuras.

PEARL JAM, Zequinha Stadium (2011)
Foi tudo como eu esperava. Curti bastante as três horas de show, ouvi todas as músicas que eu queria e vi que o Eddie Vedder é massa mesmo.

Eddie Vedder detonando.
Fonte: clicrbs.com.br

   
   Lógico que 140 caracteres são pouco pra resumir o quão intensos, profundos ou sacais foram esses shows. Porém, fazendo isso desta forma resumida e com um que outro link, consigo certificar-me de que estou imortalizando as minhas sensações e memórias para em algum momento futuro (mais ou menos quando tanto twitters e blogs forem apenas entulho virtual abandonado) poder olhar pra trás, ler estas poucas palavras e buscar tudo de novo no fundo das minhas lembranças.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

DESVENTURAS A 30.000 PÉS

   
   Vôo pra Buenos Aires às 23:50. Meu plano era dormir. Apenas era, pois ao meu lado havia um inquieto casal na faixa dos sessenta anos. 

Foi num lugar assim que tudo se passou

Cara: Puta que pariu, Fulana. Tu devia ter me deixado beber. Se eu não fico bêbado, não durmo. O que eu vou fazer agora até Buenos Aires?!
Esposa: Lê essa revista do avião, seu resmungão.
Cara: Ler o caralho! Eu queria é estar bêbado agora.
                            
   Hora de decolar. Aperto meu cinto de segurança e o mala reinicia.
Cara: Pra quê colocar isso, guri?
Ger: Porque é obrigatório.
Cara: Eu não vou colocar.

   Instantes depois:
Aeromoça: O senhor poderia colocar o cinto?
Cara: E precisa?
Aeromoça: Sim. É obrigatório.
Cara: Se o avião cair, tu acha que isso vai me salvar?
(Boa colocação!)
Esposa: Não dá bola pra ele. Ele é um velho enjoado.
(Excelente colocação!!)
Aeromoça: Senhor, é obrigatório.
Cara: Tá bom.

   A aeromoça dá as costas.
Cara: Pronto. Já posso tirar o cinto. Ela foi embora.
Esposa: Humpf.

   Ainda achando graça naquilo, tentei por meu plano em ação. O grande problema é que o cara resolveu me colocar de vez na vida do casal, como um árbitro das discussões deles, pedindo a minha opinião sobre quem tinha razão.
Cara: Diz pra essa velha que beber faz bem.
Ger: (Sorriso amarelo)
Esposa: Ele acha que tem que ficar bêbado cada vez que vai andar de avião.
Cara: E eu não to certo?
Ger: Sei lá. O negócio é dormir e a viagem logo acaba.
Esposa: Escuta ele.
Cara: Ele tá certo, mas eu tenho que estar bêbado pra dormir bem.

   Resolvi me fazer de louco, ignorá-los e tentar dormir mais uma vez. Não deu nem dez minutos e o cara cutucou meu braço:
Cara: Diz pra ela que argentino é tudo viado.
Ger: Hã?
Cara: Diz pra ela que argentino é tudo viado. Os homens se cumprimentam com um beijo na bochecha...
Ger: ...
Cara: Vai dizer que tu achou normal quando viu  o Maradona e o Caniggia se beijando.
Ger: Mas deixa eles. O problema é deles.
Cara: Viados são um desvio da sociedade. E eu sei identificar um de longe! Já vi muito disso.
Esposa: ...
Cara: É que eu odeio argentino!
Ger: Aham.

A imagem que traumatizou o meu "amigo"


NÃO PODE SER!!
   Ao cortar o assunto mais uma vez, acreditei que agora o casal me deixaria em paz. Assim, reclinei minha poltrona e tentei dormir mais uma vez. Acho que até cochilei, mas o cara mala logo me acordou:
Cara: Esse botão de deitar o banco não funciona. Nem o meu, nem o da minha esposa.
Ger: É que tu tá apertando o botão da minha poltrona.

   Talvez por conta do olhar tenebroso que lancei sobre o casal, eles, enfim, me deram um pouco de sossego. Dormi um pouco e lá pelas tantas comecei a ter um sonho meio estranho. Estava tudo escuro e eu sentia que alguém tentava passar por cima de mim.
Cara: Fulana, ele não acorda.
Esposa: Então passa por cima. Ele não vai nem acordar.
Cara: Mas é apertado aqui.
Ger: Eu não to dormindo.
Cara: Deixa eu ir no banheiro então.

   Levantei-me e o deixei passar. Nem tentei dormir em seguida, pois eu sabia que tão logo eu pegasse no sono, ele estaria de volta. Claro que, justamente por eu estar acordado, ele demorou. Na volta, depois do mala se acomodar e eu também me sentar novamente, veio o anúncio.
Esposa: Dá licença que eu quero ir no banheiro também.
Cara: Porra, Fulana! Tu esperou eu me sentar pra avisar que tu queria ir ao banheiro?!
Ger: (Olhar fulminante)
Esposa: É que só agora me deu vontade.

   Toda aquela novela se repetiu. Levanta o Ger, levanta o mala, passa a esposa. Volta o mala, volta o Ger. Chega a esposa, levanta o Ger, levanta o mala, passa a esposa. Senta a esposa, senta o mala, senta o Ger.
   Aquilo tudo que eu estava passando não podia ser normal. Juro que procurei alguma câmera escondida. Eu queria acreditar que aquilo era uma Pegadinha do Malandro ou que aquele cara era o Ivo Holanda. Mas não era.


SUPERAÇÃO
   Eis que em meio a toda aquela escuridão, há cerca de dez quilômetros do chão, meu agora inimigo número um resolve observar a paisagem na janela.
Cara: Hum... Bonito.
Ger: ...
Cara: Olha, Fulana. Ali é Bagé.
Esposa: Ahhh.
Ger: ?!
Cara: É sim. Com certeza. Olha a praça!

   Que mané praça?! A única coisa passível de ser vista naquela circunstância era a asa do avião e o reflexo daquele mala no vidro da janela.
   Mais alguns minutos e a janta chega. Bandejas colocadas, comida quentinha e eu feliz que o mala ia se ocupar comendo. Aqueles seriam os momentos mais tranqüilos da viagem.
Cara: Ooops!
Ger: Bá, cara! Como que tu conseguiu jogar arroz em mim?!
Cara: É que a tampa do pote de comida voou quando eu abri o pote...
Esposa: Ele é sempre assim.
Cara: Se eu tivesse bêbado, eu tava dormindo, velha.

   Segui jantando. Mas não tive muita paz.
Cara: Dá licença. Preciso ir no banheiro.
Ger: Agora?
Cara: Agora.

   O cheiro de peido já tomava conta do avião. Desta forma, me vi obrigado a encarnar um equilibrista, com a minha bandeja e também a do cara. Tudo pra evitar que o mala se cagasse. Quando ele voltou, antes de me levantar, já perguntei.
Ger: Por acaso a senhora não quer ir no banheiro também?
Esposa: Não, hihihi.
Ger: Então pode vir, senhor.


A REVANCHE
   O resto da viagem foi no mesmo ritmo. Aquelas duas horas pareceram dez, doze. Algo interminável. Quando estávamos prestes a pousar, a companhia aérea entregou as fichas de imigração a todos. Comecei a preencher a minha.
Cara: Pra quê serve isso?
Ger: Pra saberem quem tu é, quando chegou e quando foi embora.
Cara: Quem quer saber?
Ger: A Argentina, ora.
Cara: E se eu não preencher?
Ger: Boa sorte!
Cara: Fulana, não vou preencher o meu.
Esposa: Nem eu. Nem precisa, na verdade.
Cara: É isso aí.

   Deixei – já começando a sentir um gostinho de vingança crescendo dentro de mim. Um pouco depois o avião começou a descer e o mala foi pra janela:
Cara: Ali deve ser a Casa Rosada.
Esposa: Aahh.
Cara: É sim. Olha ali o Obelisco.

   O avião então pousa. Mas o pouso não é suave, pois o avião toca duas vezes o solo. No intervalo entre um toque e outro, meu colega de fileira dispara aquela que eu considero a melhor pérola dele:
Cara: Fulana, pegamos num cocoruto!

Isso é o que o mala pensou que aconteceu com o avião

   Eu ri muito, porém ainda foi pouco perto dos dois momentos seguintes. Primeiro foi quando eu desci da aeronave, encontrei meus familiares e me vi longe daquele casal dos infernos. Desabafei e ria à toa, pelo simples fato de estar livre. O segundo, e possivelmente inesquecível momento, foi ao ver o casal tentando se explicar pras autoridades argentinas na imigração. Eles não apenas não se entendiam como também não conseguiam justificar o fato de não terem fichas de imigração. Adorei deixá-los pra trás naquela madrugada.
   Só que minha felicidade, mais uma vez, durou pouco. O ônibus da excursão só saiu do aeroporto depois que todos os passageiros fizeram sua imigração, incluindo o atrasado casal do avião. Só me restou esperar chegar no hotel, trancar bem a porta do quarto e, finalmente, dormir um pouco.


Quer ver o quê eu fiz em Buenos Aires? Clica aqui.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

EM BUSCA DE NEVE EM SANTA CATARINA


   Junho de 2009. Era inverno, estava muito frio e já havia nevado nos pontos mais altos da região sul. Na ânsia de ver neve, num feriadão de Corpus Christi, minha família e eu pegamos a estrada rumo à serra de Santa Catarina. O roteiro incluía duas noites em São Joaquim, com um pulo em Urubici, uma noite em Lages e muita natureza.  A viagem era longa, mas prometia. Afinal, havia nevado alguns dias antes de partirmos e a previsão era de muito frio e grande possibilidade de neve enquanto lá estivéssemos.
   Chegamos a São Joaquim no final da tarde de uma quinta-feira. O vento era infernal, mas o dia estava irritantemente lindo, sem uma nuvem no céu. Conformados com o fato de que não haveria neve naquele dia e com o anoitecer se aproximando, resolvemos perguntar na recepção do hotel o que havia pra se ver dentro de São Joaquim. A resposta não poderia ser mais decepcionante: “Olha, tem a praça, a igreja e uma feirinha de artesanato. Mas não sei se a feira funciona hoje... Não. As lojas também estão fechadas. Restaurantes? Só nos hotéis. Na cidade, só botecos.”
   Atravessamos a rua e a praça e a igreja (foto acima) já estávamos esperavam, juntamente com vários outros turistas entediados. Cinco minutos depois saímos em busca do tal Parque de Exposições, que abrigava a feira de artesanato, na esperança que pudéssemos fazer o tempo passar mais rápido. Não deu. A feirinha estava funcionando, mas era lamentável. Havia umas cinco barraquinhas apenas. Vendiam mel, sabonetes de maçã, doces e cuias de chimarrão. Os outros “salões” do Parque estavam abandonados. Quinze minutos depois, a sensação de tédio já estava à toda novamente. 
   Dadas as circunstâncias, a janta daquele dia até que foi divertida.
                      

Pense no tédio do meu irmão

  
NEVE SÓ O PAPEL HIGIÊNICO
   Mais uma vez, o amanhecer foi gelado e maravilhoso. Porém, desta vez, tínhamos o que fazer: sair de São Joaquim e buscar as belezas naturais da região. Começamos pela Cachoeira do Avencal – que fica numa propriedade particular, meio escondida na beira da estrada. Na época, custava uns cinco reais por pessoa. E vale a pena! A vista da cachoeira e também da serra de uma forma geral é fantástica.


Cachoeira do Avencal
  

   Já em Urubici, almoçamos num restaurante (lá tem, ao menos), batemos foto da igreja, andamos pela praça e nos despedimos do pequeno município, seguindo para o Morro da Igreja. É uma longa jornada até atingir-se o topo do morro, de 1828 metros. Por outro lado, a natureza que cerca o local é muito bonita e a estrada é boa.
   Lá em cima, fica uma base da Força Aérea Brasileira e nada mais. O vento é, segundo os meus cálculos, 83 vezes pior que o de São Joaquim, a sensação térmica é polar e o tempo vira num piscar de olhos. A concentração de turistas é imensa, por outro lado. Todos em busca de neve, prazer em sentir frio e boas fotos da Pedra Furada.
  
 Pedra Furada

E o tempo virou na hora da minha foto com a pedra

   O último destino daquele dia era a Serra do Corvo Branco. O que chama a atenção de todos que vão pra lá não é apenas a exuberância da natureza, mas também o quão sinuosa e íngreme é a estrada que corta aquela cadeia de montanhas. Tão inclinada, aliás, que o nosso carro ameaçou ter um peripaque – fato que possibilitou uma bela caminhada por aquelas bandas. Em todo caso, conseguimos aproveitar o passeio.
  
  

Nosso carro retoma o fôlego num canto da Serra do Corvo Branco

  
ENFIM, EMOÇÃO
   O dia raiou maravilhoso novamente. A manhã nem era tão fria e eu estava feliz em ir pra Lages. Entretanto, a caminho da cidade, passamos pelo Adventure Park e decidimos dar uma olhada. Esta espiada virou um programa de quatro, cinco horas e serviu pra eu fazer alguns dos esportes radicais que sempre sonhei.
   Com preços razoáveis, fiz escalada, rapel, tirolesa (gigantesca, diga-se de passagem) e via ferrata. Tudo em meio à natureza, num lugar lindo, organizado e imenso, com material de primeira e os donos do empreendimento fazendo as vezes de guias durante todo o percurso. O lugar é administrado por um grupo de amigos apaixonados por esportes de aventura e extremamente preocupados em fazer de cada momento uma experiência inesquecível. Conseguiram. 

 Colocar um capacete não é tão simples quanto parece


 Orgulhoso

 Força, Tevo!

   Chegamos à Lages mortos de fome, lá pelo meio da tarde. Acabamos por almoçar numa padaria, demos uma breve passada pela Festa do Pinhão e jantamos numa pizzaria, já pensando em nossas camas. Estávamos exaustos depois daquele que foi o melhor momento da viagem: quando suamos horrores num lugar que tínhamos ido para sentir frio.

   Esta foi a breve cruzada em busca de neve pela serra de catarinense. Sinceramente, não recomendaria mais que dois dias por lá. Digo, torço que de 2009 pra cá, muita coisa tenha mudado. Sei que agora, pelo menos, há neve quando os turistas quiserem em São Joaquim. Contudo, ainda assim, me pareceu muito pouco perto das expectativas que eu tinha sobre a cidade. A natureza é, de fato, magnífica, mas poderia haver, de uma forma geral, uma melhor sinalização nas estradas que dão acesso às atrações, mapas, centro de atendimento ao turista (o de São Joaquim estava fechado quando fomos lá) e a feira de artesanato poderia ser revista. Quanto à Lages, não posso dar minha opinião, pois mal pude aproveitar a cidade. Por outro lado, recomendo altamente o Adventure Park.
   E, ainda falando sobre arte, tudo o que não vi na feira de artesanato de São Joaquim, pude degustar num posto de combustíveis qualquer nas cercanias de Vacaria, já voltando pra casa. Desde esculturas contemporâneas até poesias. Seguem as melhores abaixo.