Minha experiência em Buenos Aires no ano de 2009 não havia sido muito legal, mas depoimentos de diversas pessoas me fizeram acreditar que a cidade ia além do que eu já tinha visto. Somado a isso, eu estava estudando espanhol já há um bom tempo e, naturalmente, estava muito mais interado e interessado pela cultura deste povo. Portanto, fiquei bem feliz quando meu pai comprou um pacote de quatro dias na capital argentina pra família. O pacote era simples: passagem, hospedagem e um city tour. O resto do tempo era livre. Quer dizer, mesclava o conforto que meus pais não abrem mão com a liberdade que eu gosto de ter quando viajo. Tudo ia ser diferente! Assim, numa bela quarta-feira de 2010, pegamos um vôo noturno lotado de turistas gaúchos rumo à Buenos Aires.
Flagrado devorando um Mostaza
Toda cidade do mundo deveria ter um Freddo
Pronto! Já estava na hora do city tour. Não para minha surpresa, foi exatamente da mesma forma que da outra vez: olha-se quase tudo de dentro do ônibus, os colegas de excursão ficam fazendo câmbio com o guia, que por sua vez não conta nada dos lugares que estamos passando e só paramos no Caminito (que é um lugar para bater fotos, comprar lembrancinhas e jurar que aquilo é a cara da Argentina). Enfim, bati a minha foto também.
Cachorro elegante
Obviamente, o passeio acabou num outro destino tradicional e de compras: a Calle Florida, que é uma rua de comércio popular – e que cada vez mais é habitada por turistas brasileiros.. Andamos por lá também, mas já com a consciência de que o bairro do nosso hotel oferecia preços melhores. Acabamos a noite em um dos tantos deliciosos restaurantes de Puerto Madero, o bairro mais recente e moderno da capital argentina.
Agora a viagem ia começar!! Sem turistas, sem roteiros padronizados, sem tempo cronometrado pra cara atividade. Apenas nossa vontade de tentar sentir a Buenos Aires dos argentinos e um Lonely Planet com as melhores dicas em mãos. Nosso primeiro destino foi onde o busão do dia anterior não quis parar: a Casa Rosada e seus arredores, como a Catedral e o Cabildo. Na verdade, a morada da senhora Kirchner não chama tanto a atenção como a constante movimentação das Madres de La Plaza de Mayo. De resto, a Catedral era o único lugar “visitável” naquele momento e confesso que gostei mais que da outra vez que estive por lá. É, de fato, uma escultura gigantesca.
De lá fomos a pé até o Congresso, que não é muito longe. E é agradável caminhar por Buenos Aires. A cada pouco há um café, as ruas são, de uma forma geral, limpas e com placas indicando seus nomes e os motoristas não buzinam sem razão. E apenas caminhando pela cidade é que se pode parar e observar como vivem os locais, encontrar um graffiti, analisar a arquitetura de um prédio antigo ou mesmo encontrar uma feirinha alternativa.
Ruas enfeitadas para a Copa do Mundo
Paseo de la Resistencia
Ya!
Dog walkers
¿Lindo, no?
Isso é Argentina.
O Congresso argentino está localizado num prédio imponente, tal qual o americano. Pra nossa sorte, chegamos na hora de uma visita grátis e guiada. As dependências do prédio são tão velhas quanto seu exterior, porém conservam um certo charme e transbordam história.
O Pensador, de Rodin, e o Congresso
Plenário no breu
O almoço já foi na hora do lanche e foi uma delícia. Pra variar, carne e batata-frita. Os argentinos não variam muito sua dieta, porém sabem o que é bom. O resto da tarde foi dedicado às compras na Avenida Corrientes, que, nas quadras longe da Avenida 9 de Julio (a principal da cidade), tem preços para argentinos. Recomendo muito a Bross Boarding e a Soho.
NADIE SABE DE MI Y YO SOY PARTE DE TODO
O sábado foi focado no bairro Palermo. A região é muito simpática e tem bastante áreas verdes. Começamos pelo Jardim Botânico, que é pequeno, mas vale a visita. Contudo, o mais legal foi passear no Zoológico. Por mais infantil que isso possa soar, zôos sempre são divertidos – sem contar que lá havia bichos diferentes. Ver um urso polar e um tigre branco de pertinho é o máximo!
Escultura por mim batizada: Pegadinha do Malandro!
Eu abraçaria ele
Esse não
Almoçamos uma pizza deliciosa num barzinho nas redondezas e seguimos ao Parque Tres de Febrero e ao Jardín Japonés, que é anexo ao primeiro. Mais legal que os parques, só constatar a plena sensação de segurança e tranqüilidade que os hermanos sentem ao andar por lá mesmo quando anoiteceu e o senso de comunidade que têm e demonstram. Eles pertencem àquele lugar. Não havia nada depredado – nem nos parques e nem no resto da cidade.
Corda bamba
Ninjas
Jardín Japonés
ME VERÁS VOLVER
O último dia em Buenos Aires foi tri legal. Pela manhã, fomos na famosa Feria de San Telmo, onde artesãos locais e ambulantes fazem a festa vendendo suas bugigangas a preços módicos. O almoço já foi no elegante bairro Recoleta, onde comi uma inesquecível panqueca de maçãs com chocolate e sorvete e depois visitei o cemitério local. Juro que pensava que era sem-graça passear por cemitérios. Talvez em outros sejam, mas aquele não. Não há aquele clima pesado de outros cemitérios e as lápides são puras obras de arte. Apenas uma amostra da beleza deste lugar
Ainda deu tempo pra passarmos numa outra feirinha dominical de artesanato, olhar de relance um show de uma banda punk que do nada começou a tocar no meio da galera que fazia piquenique e ver o entardecer na Plaza de las Naciones Unidas, que tem como maior monumento a Floralis Genérica.
"Não pisca desta vez, Germano!"
"Por la luz del sol se derriten mis alas"
Com tanta coisa bacana que fizemos, vimos e sentimos, encarar o vôo de volta às quatro da manhã não foi tão sofrido assim. Voltei de Buenos Aires encantado e louco pra retornar à capital argentina. A cidade é gigantesca, mas funciona. As pessoas, embora um pouco mais orgulhosas que o pessoal do interior argentino, são, sim, gentis. Elas não têm muita paciência com quem espera ser compreendido em português e não se esforça pra falar o idioma deles, no país deles. Aí eu até concordo com eles. E por tudo isso declaro, Buenos Aires: me verás volver!
* Os títulos e subtítulos deste post são citações de En la Ciudad de la Furia, música daquela que é a minha banda argentina favorita, a Soda Stereo. Ainda que esta fúria não tenha a mesma intensidade dos tempos desta composição, é inegável que ela persiste.
Ja estava com muita vontade de conhecer a Argentina, agora isso so aumentou.
ResponderExcluirVou aproveitar que minha mãe agora esta vivendo lá e vou aproveitar para fazer uma bela visita a mi madre y la ciudad.
Beijo.