Viagens familiares de verão ao litoral são tão tradicionais quanto às minhas promessas de aprender a surfar na próxima ida à praia. Todavia, apenas as viagens se cumprem. Abaixo seguem dois breves relatos das minhas mais recentes tentativas de pelo menos tomar umas aulas pra me inserir no mundo do surfe.
Em 2009, fomos nos aventurar por Governador Celso Ramos, em Santa Catarina. Depois de uns 600km de estrada, encontramos nosso hotel há uns 200m da praia e muitas refeições gostosas no cardápio. E sol, muito sol. Tanto sol que o primeiro dia foi dedicado apenas à praia. A barraquinha de aulas de surfe estava lá, mas eu tinha muita saudade do mar pra fazer aula logo de cara. Passei o dia inteiro jogando bola e pegando jacarés. Nem fotos houve tempo pra tirar. Ainda bem que havia passado um protetor fator 8 pela manhã... Apenas pela manhã.
Enfim, os golfinhos |
O resultado foi que ao fim do dia eu estava absurdamente rosado. Passei hidratante e no dia seguinte fomos fazer um passeio de um dia inteiro de barco. Embora agendado no próprio hotel, não era caro e o capitão-do-barco-guia-turístico-garçom-e-com-pinta-de-pirata era bem divertido. Embora a primeira parte do passeio fosse meio demorada, pois se resume a uma looonga busca por golfinhos, a paisagem fez tudo ficar bem agradável e foi capaz de gerar dentro de mim certa inveja dos donos de algumas ilhas particulares no litoral catarinense.
Casa totalmente autossustentável e bem localizada numa ilha qualquer |
Porém maneira mesmo é a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim. De meados do século XVIII, carrega histórias desde tempo das Capitanias Hereditárias até a Revolução Federalista (dezenas prisioneiros políticos foram mortos lá e as marcas de tiro e sangue permanecem. Hoje serve apenas pra visitação e se mostra muito bem administrada. As visitas são guiadas e a História muito bem relatada. A vista de lá também é linda. Recomendo altamente o passeio.
Convenhamos, os caras souberam escolher o local pra construir o Forte |
"Fogo!" |
Na volta do passeio ainda tomamos banho em alto-mar – o que serviu pra eu acabar de me assar, pois não havíamos levado protetor solar. Eu acabei aquele dia bordô. No dia seguinte a família toda foi pro mar e eu mal conseguia andar tamanha a ardência do meu corpo. Fritar um ovo sobre a minha pele não seria tão difícil assim. O quarto e último dia foi bastante semelhante; e o tempo passou e eu não consegui aprender a surfar porque eu estava assado, cozido e frito. Fim da temporada de verão 2009. Merda!
SEGUNDO ROUND
Dois anos mais tarde, o destino era Imbituba, também em Santa Catarina. A cidade é pequena, ainda recebe poucos turistas, tem belas praias e excelentes ondas. Seria a oportunidade ideal pra, enfim, eu aprender a surfar.
Três Plets |
Cruzando a bela Serra do Rio do Rastro, sob chuva e 11°C em pleno Dezembro, não chegamos ao nosso destino de modo tão fácil: ficamos cinco horas a mais na estrada, por conta de um congestionamento infernal (e que já está virando tradicional) entre Tubarão e Laguna. Por outro lado, se a intenção era estar com toda família reunida, lá estávamos todos nós juntinhos compartilhando o mesmo tédio – que só foi quebrado quando o meu irmão encontrou um pacotinho de Plets com três chicles. A viagem só acabou perto das 23h. Parecia um prenúncio dos dias seguintes em SC.
Serra do Rio do Rastro |
A manhã seguinte estava linda e, apesar da ventania, convidativa para um banho de mar. Desta vez, bem protegido do sol, aproveitei o mar e deixei pra buscar uma escola de surfe pela tarde. Mas a vida é uma caixinha de surpresas. Tão logo o relógio marcou meio-dia, o tempo virou, a chuva veio e adiou os meus planos. Restou-me aproveitar a semi-exclusividade dos serviços do hotel, que ainda não tinha muito movimento.
Não sou eu |
Aquele tempo murrinha acabou estacionando em Imbituba. O dia posterior estava feio e o máximo que deu pra fazer foi jogar futebol da praia, me entupir de camarão (que tem preços razoáveis lá) em todas as refeições e me permitir sonecas a qualquer hora. Nada mal, porém nada de surfe.
Já que o tempo permaneceu daquela forma no outro dia também, resolvemos subir o morro que leva ao farol da cidade. Embora a trilha tenha uns trechos meio inclinados e lisos, é totalmente encarável e a vista durante todo o percurso compensa o esforço. O crepe que é vendido ao pé do morro também é merece uns instantes de atenção.
Vale a pena |
O penúltimo dia na cidade teve alguns instantes de sol também, mas nada que fizesse surgir alguma barraquinha de aulas de surfe. Restou-me pegar jacaré de novo. À tarde, o tempo ficou feio pra variar e só permitiu uma breve caminhada a beira-mar.
O mais próximo que chegamos de surfar |
E como foi o último dia de praia? Com muita chuva, óbvio. Numa tentativa desesperada, pegamos o carro e fomos ver as praias das redondezas, em busca de um resquício de sol. Fomos das dunas Ibiraquera (que eu queria ter visitado em alguma tarde ensolarada que não veio) até Itapirubá. Nada. O máximo que encontramos foi um grande hotel abandonado. Nós havíamos nos hospedado lá em 2002 e ele era o máximo. Hoje é só um monte de concreto no meio do paraíso.
Não deu de novo. Desta vez a culpa não foi minha, mas do tempo. A viagem passou longe de ser frustrante, pois pude relaxar, comer feito um rei e ainda dar uns mergulhos. No entanto, meu sonho de aprender a surfar, sem muitas vacas e anexando este esporte ao meu DNA, persiste e segue sendo mais uma boa desculpa pra eu cair na estrada rumo ao mar.
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